Brincar ativo
Ser criança é Ser em movimento, é explorar o próprio corpo, o corpo na relação com os outros e com o espaço, de múltiplas maneiras que não precisam de envolver palavras. O Brincar Ativo é a primeira forma de brincar da criança, sendo fundamental para o seu desenvolvimento, aprendizagem, saúde e bem-estar.
O Brincar Ativo, envolve atividade física moderada e movimentos locomotores (correr, saltar, escalar, rebolar). As brincadeiras de lutas são uma forma de brincar ativo e nesta página temos um separador exclusivo para estas brincadeiras. Os nossos estudos mostraram que quanto mais as crianças se envolvem no brincar ativo, melhores competências sociais manifestam.
Recentemente, desenvolvemos um programa de intervenção baseado no Brincar Ativo no espaço exterior do jardim de infância, o programa OUT to IN, mostrou que as crianças que beneficiaram do programa apresentaram melhorias ao nível das competências sócio-emocionais (compreensão emocional, autorregulação, empatia, sociabilidade, cooperação) e da competência motora (habilidades locomotoras e de controlo de objetos.


Brincar com peças soltas

O termo “peças soltas” foi inicialmente apresentado pelo arquiteto Simon Nicholson para descrever os objetos com uma finalidade aberta (open-ended), que não foram inicialmente concebidos para o brincar, e que poderiam ser utilizados e manipulados de diversas formas (e.g., caixas, baldes, tubos, pneus, tecidos, rolhas), num contexto lúdico livre e não estruturado, com pouca ou nenhuma intervenção do adulto.
Este tipo de brincar permite que a criança dirija a sua própria brincadeira, usufruindo das ilimitadas oportunidades de descoberta, criatividade e aprendizagem que as peças soltas proporcionam. A investigação tem mostrado que este tipo de brincar promove as competências sócio-emocionais como a comunicação, a cooperação, a negociação e a resolução de problemas. Um estudo da nossa equipa mostrou que proporcionar este tipo de brincadeira a crianças de idade pré-escolar resulta num aumento da expressão de emoções positivas e numa diminuição das concentrações de cortisol, um reconhecido biomarcador de stress.
Brincar Lá Fora

O potencial da aprendizagem em ambientes exteriores e naturais data de Aristóteles e Platão e está até marcado no termo “Jardim de Infância” ou “Kindergarten” (jardim das crianças).
Há coisas que acontecem no espaço exterior e que não acontecem em mais lado nenhum! Lá fora a criança encontra oportunidades de movimento, velocidade, expansão, desafio, liberdade, estimulação multissensorial.
De facto, nos ambientes exteriores e naturais as crianças sentem-se mais livres para se movimentar, experimentar e modular o ambiente e o seu comportamento.

Brincar Lá Fora promove:
– a atividade física;
– a competência motora;
– a autorregulação;
– os relacionamentos positivos;
– a competência social;
– a saúde mental.

Ainda assim, existe em Portugal uma “cultura de interior” que necessita ser contrariada! Sobrevaloriza-se o espaço interior e as atividades que nele decorrem (maioritariamente académicas) e subvaloriza-se o espaço exterior, ignorando-se o seu potencial para o desenvolvimento, a saúde e o bem-estar da criança.
Apesar de o Ministério da Educação (2017) referir que
“as práticas educativas no exterior devem merecer a mesma atenção do educador que o espaço interior”, esta é ainda uma premissa seguida apenas por alguns municípios.
Ruas para Brincar

Uma das melhores formas de ajudar as crianças é criar lugares seguros no exterior onde possam brincar, para que se possam distanciar e estar com outras crianças sem a orientação de adulto, permitindo-lhes expandir os seus horizontes além do que os pais e o resto da família podem oferecer.
O nosso trabalho não é proteger as crianças do mundo, mas sim dar-lhes os meios para que possam aprender sobre o mundo e prepararem-se para ele.
Por todo o mundo, existem movimentos de cidadãos que reclamam o direito à rua, criando ruas para brincar (play streets). As play streets são ruas fechadas temporariamente ao trânsito para que crianças, famílias e a comunidade possam brincar e conviver, usufruindo do espaço público sem trânsito. Um grupo de adultos garante o encerramento da rua, fornece informações aos transeuntes e incentiva as pessoas a brincar, passear, conviver… no fundo a desfrutar do espaço público. Este tipo de iniciativas já é uma tradição em países como o Reino Unido, Canadá e Alemanha. Em Portugal tem havido algumas iniciativas, embora sempre de forma esporádica.
Partilhamos as ligações para algumas iniciativas:
