Brincar às lutas e à perseguição

As brincadeiras de lutas e de perseguição (por exemplo, apanhadas) são o tipo de brincadeira mais controverso. Sendo uma atividade lúdica, corporal, intensa e vigorosa, que pode aparentar ser violenta sem o ser, que muitas vezes envolve opositores que interagem através de verbalizações e movimentos intensos e sincronizados, a brincadeira de lutas é muitas vezes considerada como um fator de risco e perturbação. Apesar de algumas escolas proibirem este tipo de brincadeira, curiosamente, os professores/as educadores/as recomendam-nas frequentemente aos pais, numa forma mais estruturada e fora da escola, sugerindo a prática de artes marciais.

As crianças gostam muito de brincar às lutas e à perseguição com os/as pais/mães, os/as irmãos/ãs, os pares, especialmente com os amigos mais próximos, e, efetivamente, brincam às lutas e à perseguição. Pelas suas características, as brincadeiras de luta e perseguição têm um enorme potencial na promoção da saúde mental. Os estudos mostram que o envolvimento nas Brincadeiras e Luta e de Perseguição está associado positivamente à compreensão e regulação das emoções. Além disso, como a luta envolve a inversão de papéis e a realização de movimentos amplos, vigorosos e de oposição, permite que as crianças reconheçam não apenas os seus próprios limites e capacidades, mas também os dos outros, proporcionando-lhes assim uma oportunidade de compreender como o seu comportamento afeta os outros.

As educadoras reconhecem o valor das brincadeiras de luta e perseguição para o desenvolvimento das crianças e expressam a sua vontade de aprender mais sobre o tema. Contudo, admitem também a falta de conhecimentos e competências para facilitar as brincadeiras de luta e perseguição na escola, razão pela qual restringem estas brincadeiras. O projeto Right Play pretende compreender melhor as perspectivas das crianças e das educadoras sobre as brincadeiras de luta, para desenhar um programa de intervenção que envolve quer a formação das educadoras, quer sessões baseadas nas brincadeiras de luta com as crianças. O projeto Right Play é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
